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terça-feira, 6 de abril de 2010

A práxis pedagógica presente e futura e os conceitos de verdade e realidade frente às crises do conhecimento científico no século XX

BONILLA, Maria Helena. A práxis pedagógica presente e futura e os conceitos de verdade e realidade frente às crises do conhecimento científico no século XX. In: PRETTO, Nelson De Luca. Tecnologias e novas educações. Salvador: EDUFBA, 2005. p. 70-81.


Sabemos que o mundo em que vivemos passa por grandes transformações, sobre as quais trata esse texto, que é denso, qual é essa temática, e que, portanto, pretendemos fazer apenas um resumo breve, que toque nas principais questões.
A autora inicia colocando que tais transformações que vivenciamos possuem uma complexidade maior que as anteriores, pois envolvem uma grande teia, na qual se trançam questões políticas, econômicas, culturais e sociais, que são atravessadas pelas tecnologias da informação e comunicação. Nesse contexto está a escola, que se relaciona com essas tessituras do global/local, sendo influenciada e podendo influenciar também se criar possibilidades de ressignificar as concepções sobre o conhecimento e verdade que hoje estão em crise.
Bonilla começa sua discussão sobre os conceitos de verdade e realidade através da noção geral de ordem, que seria uma grande concepção de “mundo” em vigor em dado momento histórico, que configura certa cosmovisão. Diferentes cosmovisões são apresentadas e comparadas.
A cosmovisão medieval estava atrelada à religião e a filosofia, era uma ordem atemporal, e o homem e a natureza eram imagens de uma ordem eterna.
A cosmovisão moderna, hegemônica atualmente, se relaciona com a linguagem e as tecnologias da escrita, que permite ao indivíduo poder se distanciar do objeto estudado, para classificar, observar, organizar o conhecimento sobre ele, de maneira que se separa nitidamente o sujeito e o objeto, obtendo a verdade e a universalidade. Isso é feito através de um método mecanicista que fragmenta o objeto e esfacela o real, pois simplifica o todo, e, portanto, o sentido de realidade.
No inicio do século XX entra crise esse modelo por não conseguir descrever alguns fenômenos. Além disso, mudanças tecnológicas e constantes questionamentos desse modelo colocam em xeque os paradigmas vigentes e a noção de ordem moderna que aos poucos vai gerando uma nova cosmovisão.
Após a segunda guerra mundial muitos questionam a crença na ciência, positivista e racionalista que nos levaria a um constante progresso. Pois, o exemplo da guerra demonstra que a ciência pode estar, outrossim, a serviço da destruição. Assim, a cosmovisão da contemporaneidade preconiza que os sistemas não podem ser analisados de forma isolada, e que o distanciamento do sujeito não acontece quando o mesmo não se dissocia de seu viés, de seu olhar, desconstruindo dessa maneira as pretensões de universalidade. Ultrapassando a simplificação dos fenômenos é que a complexidade enquanto conceito considera a obscuridade, a incerteza, a ambigüidade, abrindo um diálogo mais extenso, por que se esforça no sentido de uma “polivisão”, abrangendo diversos aspectos, considerando o todo e não o fenômeno, no seu movimento constante e instável, como coloca Bonilla.
Na escola, a práxis pedagógica vigente é estruturada na noção de ordem da modernidade, ou seja, baseada na formação científica, num conhecimento verdadeiro, transmitido por um professor, detentor dessa verdade. Enquanto os alunos presenciam a contemporaneidade nos demais ambientes, pois fora da escola a noção de ordem é a da nova cosmovisão. Assim, concluímos que o esforço para o sistema escolar deve ser de se ressignificar ante essas mudanças que estão ocorrendo. Voltar sua atenção às novas formas de conhecimento, e de aprendizagem, percebendo uma geração digital que surge, numa sociedade multiculturalista, globalizada.